terça-feira, 7 de junho de 2011

As the world turns...

Enxergar verdades sempre fora meu ponto forte, mas já há algum tempo em que a balança que antes pendia à parte positiva de fazê-lo já não me convence tão bem. Talvez porque as verdades que sempre couberam a mim nunca aprenderam como ser benéficas, ou na melhor das hipóteses menos doloridas, ou talvez porque aos 17 anos nós somos egoístas demais pra conseguir aceitar que as coisas nunca acontecem do modo que queremos que aconteçam. Qualquer que seja a razão, só sei que a minha verdade é pesada demais, e eu já não sei dizer o que é pior: encará-la ainda que um pedaço do meu coração seja colocado em negócio cada vez que o faça, ou continuar a me fazer cega e aproveitar a suposta felicidade que a ignorância traz consigo. O fato é que a encarando ou não, minha verdade é uma só: nós não temos futuro. Não por falta de compatibilidade, ou por falta de vontade de pelo menos uma das partes, mas sim porque algo do tipo sempre soou aos nossos ouvidos como um atraso à luta por todos os sonhos que partilhamos, além de totalmente paradoxal a toda a liberdade que sempre almejamos, e embora soubéssemos de tudo isso, naquele momento de fraqueza estavamos ocupados demais para nos importar. Estava finalmente sentindo-o de maneira intensa e crua, sem disfarces ou preocupações, sem me render às pressões do que quer que existisse ao nosso redor, e ainda que eu soubesse que o prazo de validade daquele indescritível turbilhão de sensações fosse coincidente ao término daqueles beijos, não me importei, desde que eu tivesse aqueles minutos como uma lembrança futura, em que fecho os olhos e volto àquela noite, ao momento em que eu me permiti ser completamente livre, em que ignorei todo e qualquer senso e razão obedecendo somente a única coisa que não sabe mentir ainda que todo o resto o mande fazê-lo; o momento em que me entreguei ao meus instintos, ao meu corpo que gritava por aquilo, contrariando meu cérebro que incansavelmente reluta a esse desejo insano e frustrado; o momento em que me entreguei a minha humanidade, e que assim como todo bom momento que viví perdeu-se no tempo.

Hoje meu mundo continua a girar do mesmo modo de antes, sem graça, sem cor, sem razões para otimismo, sem visíveis chances de mudança, e as respostas que por muito busquei desisti de buscar, assim como também cansei de ser a segunda opção, se é que um dia eu cheguei a ser uma opção. Mas mais do que tudo eu me cansei dessa constante luta na tentativa de provar ter um valor que nem eu mesma acredito que tenha. Eu não posso ser assim tão dispensável, e ainda que seja não creio que queira ou mereça encarar as coisas dessa forma, embora eu não consiga para de buscar por aquele que me jogue tudo isso na cara e me faça encarar o que tanto evito, porque no final das contas verdade alguma dita jamais atormentará mais que essa constante indagação.


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