segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pens and Papers

Que seja por desilusão ou por pura ilusão
Que seja por querer ou por desejar não ter
Que seja por tantos motivos ou até mesmo por sabe-se lá o que
Queira-se sentir, queira-se buscar sentidos pra existir
Queira-se permitir ser humano, ainda que tão desumano

Deixe-se não fazer questão, mesmo que seja tão difícil dizer não
Deixe-se ser tolo, ainda que já velho demais para esse jogo
Deixe-se ser jovem, ainda que se irritem por sua desordem
Deixe-se afogar, e jogue em mim todas suas cartas naufragas
Apenas deixe-se ser, e conte para mim o que mais ninguém consegue ver 













  

                   "Ainda que ofereçam ouro, não venda o meu filtro de tristezas."
                                                  

domingo, 31 de julho de 2011

Tightrope

Ter tudo o que precisa mas nada do que quer, ou ter o que quer mas não o que precisa. Eu sei tudo o que quero, mas não arrisco descobrir o que preciso; ou talvez eu saiba, mas temo ouvir o som da minha própria voz dizendo-o de maneira audível, certamente porque minhas vontades sempre são opostas às minhas necessidades, e gritam muito mais alto no final do dia. Assim como sei que preciso encarar a realidade, prefiro continuar a devanear dentro da bolha que criei em ordem de não perder a pouca sanidade que me resta, ou no mínimo meu sorriso ainda que quase sempre vazio e opaco.

Eu conheço a realidade, muito mais do que gostaria, e justamente por isso a renego, faço-me cega, dou-lhe as costas, porque mesmo durante raros momentos de hotimismo não consigo desenhar uma vida feliz construída sob suas exigências e privações, e me vejo sem saída senão a continuar marcando passos nesse esboço de vida perfeita que minha imaginação me permite rabiscar em volta de mim, ainda que utópico e imaturo, ainda que desprovida de qualquer base sólida, escolho viver nessa interminável corda bamba a ter que encarar as cinzas de meus sonhos e ainda assim ter que continuar de pé lutando por um futuro que desprezo mais que a própria ausência de um.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fim do expediente.

"Por vezes, tenho reparado: aquele que mais reclama do uso é o que mais se permite ser usado."  Saber que os sinais eram mais que claros, mas por excesso de apego, por carinho excessivo e incondicional, ou simples medo de perder, você se permitiu ignorar as grosserias, as contradições, o pouco caso com que sempre fora tratado, e mentiu pra si mesmo nomeando todo esse egoísmo de 'personalidade', só para defender àqueles que jamais fariam o mesmo por você. Se pudesse resumir como me sinto, diria que me sinto como uma psicóloga particular, a quem as pessoas procuram nos seus piores momentos, e assim que conseguem a salvação que buscavam, te dispensam e te esquecem. Simples assim, fácil assim. Fim do expediente.

Queria conseguir fazer algo mais que simplesmente chorar. Queria transformar essa angustia em ação, essa nostalgia doentia daquele tempo em que eu não conseguia enxergar, ou me conformava em me fazer cega em ordem de não sofrer. Queria não conseguir ver tanto egoísmo, tanta falta de reciprocidade ou simples e opcional descaso. Mas mais do que não ver, eu queria poder sentir o mesmo, queria realmente parar de me importar, de sentir falta, ou de perder minhas noites me perguntando o porquê de não ser boa o suficiente para compartilhar de seus sorrisos, já que no momento das lágrimas meu nome sempre é o primeiro da lista. Pior do que não ter essas respostas, é encontrá-las com tanta clareza. Ver seus defeitos sobre uma lente de aumento, e cada dia encontrar mais para somar. Perceber que o caráter nunca vai competir com a beleza; perceber que a amizade nunca vai competir com o coleguismo; perceber que o bem querer nunca vai competir com a má influência; perceber que fazer o certo nunca vai competir com fazer o errado; perceber que os que levantam nunca vão competir com os que derrubam; perceber que temer à Deus nunca vai competir com viver no pecado; perceber que qualidades são hoje vistas como defeitos, e que você parece ser o único a discordar de tudo isso.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um show sem bis.

O que acontece sempre se arrasta, dura a mais ou a menos do que realmente deveria, mas nada dura mais do quê o que nunca aconteceu. Lembrança alguma dura mais que uma vontade; Palavras ditas nunca permanecem no ar mais que a vontade de dizê-las ou ouvi-las; Toque nenhum se faz sentir mais do que o que nunca fora trocado; Sentimento algum machuca mais do que o que fora desperdiçado. "Por quê?", insistimos em nos questionar, mas a resposta nunca vem, assim como nada pelo que se espera. A grande verdade é que as coisas apenas acontecem em órdem de nos fazer sofrer, porque a vida é uma grande comediante, e nós suas piadas, e seremos recontadas quantas vezes forem necessárias até sangrarmos como porcos e assim fazer valer o seu show. Afinal, é disso que ela se alimenta: das esmolas ganhas com nossas lágrimas.

Chega uma hora em que essas piadas sádicas perdem a graça, o sangue se esgota, a sanidade se esvai, e não há maior tentação do que a de forçar o show a ser cancelado, já que a espera pelo seu término as vezes é mais longa do que se pode suportar. Ainda há uma última tentativa, de encontrar aquilo que te impeça, mas a sua apatia é a única a erguer a mão; O seu vazio é o único a manifestar presença.

Uma carta de despedida; Um adeus ao que se deixa para trás; Uma última olhada no espelho; Um sorriso de alívio nos lábios... Fecham-se as cortinas.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Running in circles

Rodando. Sempre de volta ao ponto de partida. Nunca há a alegria da chegada, apenas a frustração pelo recomeço, o cansaço pelo caminho percorrido, e a tristeza pela expectativa quebrada. Se eu não esperasse tanto talvez não tivesse tanto a perder, mas se eu não esperasse tanto não teria pelo que viver. Talvez essa seja minha sina, ficar sempre esperando por milagres, algo que me tire do buraco em que estou enterrada, que liberte meu peito desses sentimentos inúteis, que arranque de meu campo de visão àqueles que não se importam, que lavem minha alma de tanta auto-destruição que nunca leva a lugar algum para que eu possa finalmente recomeçar do zero e quem sabe encontrar esse lugar, esse refúgio que ainda não encontrei, que me preencha e desate dos meus tornozelos esse vazio desesperador que me acompanha sem descanso.

Eu só queria por um dia saber que é possível. Saber que é possível sentir-se completo. Saber que é possível acordar e sentir-se feliz pelo dia que te espera. Saber que é possível não se sentir sufocado aonde quer que vá. Saber que é possível não sentir tanto, ou pelo menos ter seus sentimentos retribuídos. Saber que é possível enxergar um futuro ainda que o caminho esteja longe da sua realidade. Saber que é possível se contentar ainda que nunca se obtenha o que deseja. Saber que é possível sentir-se feliz por tempo indeterminado... Eu só queria por um dia saber que é possível.

" Para mudar no piscar de um olho
Se você pudesse, certamente se diria adeus
Eu tento e tento e tento
Obter uma retenção sobre o seu sofrimento
Paz, que você não deseja comprar "
                                                            (Too numb to cry - Zakk Wylde)

terça-feira, 7 de junho de 2011

As the world turns...

Enxergar verdades sempre fora meu ponto forte, mas já há algum tempo em que a balança que antes pendia à parte positiva de fazê-lo já não me convence tão bem. Talvez porque as verdades que sempre couberam a mim nunca aprenderam como ser benéficas, ou na melhor das hipóteses menos doloridas, ou talvez porque aos 17 anos nós somos egoístas demais pra conseguir aceitar que as coisas nunca acontecem do modo que queremos que aconteçam. Qualquer que seja a razão, só sei que a minha verdade é pesada demais, e eu já não sei dizer o que é pior: encará-la ainda que um pedaço do meu coração seja colocado em negócio cada vez que o faça, ou continuar a me fazer cega e aproveitar a suposta felicidade que a ignorância traz consigo. O fato é que a encarando ou não, minha verdade é uma só: nós não temos futuro. Não por falta de compatibilidade, ou por falta de vontade de pelo menos uma das partes, mas sim porque algo do tipo sempre soou aos nossos ouvidos como um atraso à luta por todos os sonhos que partilhamos, além de totalmente paradoxal a toda a liberdade que sempre almejamos, e embora soubéssemos de tudo isso, naquele momento de fraqueza estavamos ocupados demais para nos importar. Estava finalmente sentindo-o de maneira intensa e crua, sem disfarces ou preocupações, sem me render às pressões do que quer que existisse ao nosso redor, e ainda que eu soubesse que o prazo de validade daquele indescritível turbilhão de sensações fosse coincidente ao término daqueles beijos, não me importei, desde que eu tivesse aqueles minutos como uma lembrança futura, em que fecho os olhos e volto àquela noite, ao momento em que eu me permiti ser completamente livre, em que ignorei todo e qualquer senso e razão obedecendo somente a única coisa que não sabe mentir ainda que todo o resto o mande fazê-lo; o momento em que me entreguei ao meus instintos, ao meu corpo que gritava por aquilo, contrariando meu cérebro que incansavelmente reluta a esse desejo insano e frustrado; o momento em que me entreguei a minha humanidade, e que assim como todo bom momento que viví perdeu-se no tempo.

Hoje meu mundo continua a girar do mesmo modo de antes, sem graça, sem cor, sem razões para otimismo, sem visíveis chances de mudança, e as respostas que por muito busquei desisti de buscar, assim como também cansei de ser a segunda opção, se é que um dia eu cheguei a ser uma opção. Mas mais do que tudo eu me cansei dessa constante luta na tentativa de provar ter um valor que nem eu mesma acredito que tenha. Eu não posso ser assim tão dispensável, e ainda que seja não creio que queira ou mereça encarar as coisas dessa forma, embora eu não consiga para de buscar por aquele que me jogue tudo isso na cara e me faça encarar o que tanto evito, porque no final das contas verdade alguma dita jamais atormentará mais que essa constante indagação.