Coração apertado. Dor. Sim, aquele sentimento antigo que há muito não me atormentava. Queria entender o porquê, de se insistir em sofrer por tão pouco. Queria entender o porquê, de se habituar tão rápido a sentimentos instantâneos. Nunca há um futuro, nunca há o depois; há somente o agora que insiste em ser intenso para nos pregar peças. Há somente a insistente capacidade de enxergar intensidade onde não tem. Há somente a teimosia desesperada, essa busca incessante por amor, por entrega mútua, pela possibilidade de encontrar aquele a quem se entregaria, aquele a quem amaria como se não houvesse amanhã; aquele amor utópico, patético, ridículo. Ridículo, mas necessário. Necessário para nos fazer sentir vivos; para nos tornar vivos. Um choque elétrico em um coração congelado, que insiste em se derreter na direção e momento errado. Quizera eu ainda ter a quem culpar, mas esse peso é somente meu, essa culpa é somente minha.