terça-feira, 17 de maio de 2011

Constant search.

Coração apertado. Dor. Sim, aquele sentimento antigo que há muito não me atormentava. Queria entender o porquê, de se insistir em sofrer por tão pouco. Queria entender o porquê, de se habituar tão rápido a sentimentos instantâneos. Nunca há um futuro, nunca há o depois; há somente o agora que insiste em ser intenso para nos pregar peças. Há somente a insistente capacidade de enxergar intensidade onde não tem. Há somente a teimosia desesperada, essa busca incessante por amor, por entrega mútua, pela possibilidade de encontrar aquele a quem se entregaria, aquele a quem amaria como se não houvesse amanhã; aquele amor utópico, patético, ridículo. Ridículo, mas necessário. Necessário para nos fazer sentir vivos; para nos tornar vivos. Um choque elétrico em um coração congelado, que insiste em se derreter na direção e momento errado. Quizera eu ainda ter a quem culpar, mas esse peso é somente meu, essa culpa é somente minha.

Um comentário:

  1. céu de vidro


    o tempo me (ex)pulsou
    a vida inteira
    e mudo estou
    para explodir em versos
    ao vento ligeiro

    não quero o céu profundo
    dentro em mim mas o que inflama
    toda a poesia que arde em chamas

    um jardim para meu fim:
    rumores de asas flores pássaros
    sobre todas as cinzas

    pedras sobre a terra
    pela última vez dispostas
    nos poros desatados deste corpo

    por trás dos sonhos
    sinto-me leve de meus pulsos
    que gritam toda a nódoa do mundo

    quem quiser saber o que fui
    afogue-se em meus poemas

    nesta manhã desventrada dos céus - o silêncio -
    ouço apenas o silêncio

    o tempo é escasso
    e quando o sol se pôr
    estarei livre dos sonhos
    de meus versos guardados

    tudo se esvai - até a dor do poema -

    a cova arde
    como um inferno de dante
    ah ! dirão: covarde

    e por toda (p)arte
    o meu amor é preciso

    agora um f(r)io denso me invade

    e por toda parte
    é o meu amor preciso

    - quero inventar um poema:

    um vento de seda -
    borboletas abanam as asas
    no silêncio cristalino

    meus versos inflamarão
    em todas constelações
    nacos da minha alma

    crepúsculo –
    após uma vida curta
    a noite se alonga...

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